HPV: O Vírus que Ninguém Quer Falar, Mas Todos Precisam Saber

Neusa Mateus

Vamos falar sem rodeios: HPV (Papilomavírus Humano) é um dos vírus sexualmente transmissíveis mais comuns do mundo. Tão comum que a maioria das pessoas sexualmente ativas vai ter contacto com ele em algum momento da vida. O problema? Muitas mulheres (e homens) nem sabem que estão infetadas. E pior: há um tabu enorme em falar sobre isso, como se fosse um tema proibido, carregado de preconceitos e desinformação.

O que é o HPV?

O HPV é um vírus que tem mais de 200 variantes, algumas inofensivas e outras verdadeiramente problemáticas. Existem as variantes de baixo risco, que causam verrugas genitais (incomodativas, mas não perigosas), e as de alto risco, que podem levar a cancros, como o do colo do útero, da vulva, do pênis e da garganta.

O grande problema do HPV é que muitas das suas variantes são assintomáticas. Ou seja, podemos estar infetados, transmitir para outras pessoas e nunca desconfiar de nada.

Como se transmite?

O HPV é um vírus que se transmite principalmente pelo contacto pele com pele durante o sexo vaginal, anal ou oral. E aqui está o detalhe: o preservativo reduz, mas não elimina completamente o risco de transmissão, porque o vírus pode estar em áreas não cobertas pelo preservativo.

Ah, e não é preciso penetração para haver contágio. O simples contacto direto entre genitais pode ser suficiente para transmitir o vírus.

Prevenção: como evitar este problema?

Felizmente, há formas eficazes de prevenção:

  • Vacinação: A vacina contra o HPV é uma das melhores formas de proteção, principalmente se tomada antes do início da vida sexual. Em Portugal, é gratuita para raparigas e rapazes a partir dos 10 anos.

  • Uso de preservativo ou barragem de látex: Não é 100% eficaz, mas reduz consideravelmente o risco.

  • Acompanhamento ginecológico regular: Fazer exames como o Papanicolau e a colposcopia pode ajudar a detetar alterações nas células do colo do útero e prevenir cancros associados ao HPV.

  • Evitar múltiplos parceiros sem proteção: Quanto maior a exposição, maior o risco de contacto com o vírus.

O peso do tabu: porque é que não falamos sobre isto?

O HPV é visto como "doença de gente promíscua" e, infelizmente, isso faz com que muitas mulheres sintam vergonha de procurar ajuda ou de falar abertamente sobre o tema. Mas a verdade é que o vírus é comum e não escolhe classe social, idade ou número de parceiros.

Ir ao ginecologista não é só para quem está com problemas. Consultas regulares ajudam a prevenir situações mais graves e a manter a saúde em dia. E sim, é preciso normalizar este tipo de conversa, porque informação salva vidas!

O HPV é um vírus que pode ser silencioso, mas os seus efeitos podem ser graves. A chave está na prevenção, na vacinação e, acima de tudo, na normalização do diálogo sobre doenças sexualmente transmissíveis.

Mulheres, falem sobre isto! Cuidem-se! O HPV não tem de ser um fantasma se soubermos como lidar com ele.

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